by Carly Fox, Eder Muniz and Sosseh Valentine Taimoorian
“We don’t live off graffiti. We live for graffiti. Graffiti doesn’t sustain us. We sustain graffiti. We have to keep graffiti alive. It’s the essence that we can’t let die.”
— Dimak
Dimak is one of Salvador's “old school” graffiti artists. He has been doing
pichacão (tagging) and murals for the past 15 years. His passion and imagination have helped him reach his life goals, and he has recently experimented with other forms of visual expression, including painting on canvas, illustration and tattooing.
As a child, Dimak would accompany his mother from the periphery into the heart of the city, where he could gaze upon the
pichação in streets and alleyways. Among the many talented graffiti artists in Salvador, Asa and Cegonha especially captured his attention. Dimak began tagging in 1994 and met Grude, Rato, Soneca (from the PLB crew); Tom, Thor, Siri (PPL); and Marcelinho (GPCF). Dimak acknowledges that
pichação is an “expression of the streets,” but he found it limiting and wanted to do more. “I already drew, so as time went by I started to get to know graffiti.”
Dimak decided to pursue a career as an artist while spending two years in Itabuna, a Bahian city south of Salvador. Working a mundane job that had nothing to do with art, he was unable to live the life he had envisioned for himself. He returned to Salvador in 2000 and decided to dedicate himself to art. “Whoever is going to be by my side is going to have to understand my situation, because I want to live by my art. Whoever doesn’t want to live like this won’t be a part of my life.”
When he returned from Itabuna he began to study in the fine arts department of the Federal University of Bahia, only to quit after one semester. “Hey, college is awesome; you learn art, cool, the support you get is essential. But the people who are controlling the university today don’t value the artist. They don’t give you freedom to create. You’re always after the grade. The university is good for certain people, and I respect those who like it and finish, but it wasn’t my thing.”
Dimak creates characters with intricate and deformed facial expressions. He describes his style as “aggressive" and "tense,” forcing the public to wonder what the character is thinking or feeling. “There are things you see everyday that make you feel anguish, emotionally torn apart, beat up," he said. "Without being obvious, I want to put out the things that are causing me anguish.”
Experience with intense migraines has fueled Dimak's work. “For me, the migraine crisis is the same thing as social inequality. Migraines are the same thing as violence. Migraines are the same thing as if you lose everything in your life; if a flood takes everything, you’re robbed of everything. Using red shows your indignation with society.”
Dimak communicates non-verbally through his characters' expressions. “I like the expression of hands. The gesture of hands, for me, is communication without words.” This is especially important for graffiti artists, as it is always a challenge to attract the attention of people passing by.
According to Dimak, there isn’t enough appreciation, value or space for art in Salvador. “The city is big; the work we should be doing should be big. People don’t understand that graffiti is contemporary art. It’s still not in people’s conscience.”
He criticizes graffiti artists who only paint for high-profile events, preferring those who go out on their own to the corners of Salvador and find “a wall that’s dirty, where you’ll appreciate the work and you’re not going to paint for everyone. You’re going to paint because you want to, for pleasure.”
Demak encourages graffiti artists in Salvador to push each other to grow and raise the bar. “As long as we don’t stop, we’ll continue to be a reference for the up-and-coming artists."
Portuguese Version
“A gente não vive do graffiti, a gente vive por graffiti. O graffiti não sustenta nós é que sustentamos graffiti. Nós temos que manter ele vivo. É a essência que a gente não pode deixar apagar.”
— Dimak
Dimak é um dos mais experientes grafiteiros de Salvador – tem mais que 15 anos pichando, bombardeando e grafitando as ruas. Sua personalidade é forte, suas idéias são muito claras e tem conseguido alcançar suas metas. Além do graffiti, tem se aventurado recentemente em outras formas de expressão visual, como pintura em tela, ilustração (manual e digital) e tatuagem.
Quando era menino, saía com a mãe da periferia rumo à cidade só para poder ver as pichações. Não havia muitas nessa época, porém Asa e Cegonha, em particular, chamaram sua atenção. Em 1994, começou a pichar e conheceu Grude, Rato, Soneca (PLB), Tom, Thor, Siri (PPL) e Marcelinho (GPCF). Ele descreve a pichação como “uma expressão da rua”, mas, “como eu já desenhava, eu comecei sentir limitações de expressividade na pichação. O tempo foi passando e eu conheci o graffiti.”
O momento crucial para a decisão de Dimak de viver da arte foi ao retornar de uma estadia de dois anos em Itabuna. “Fui la só para trabalhar, nada a ver com arte. Bater cartão, não poder ter uma vida que eu quero, não ter que dar satisfação a ninguém.” Quando voltou para Salvador, em 2000, decidiu se dedicar exclusivamente à arte. “Eu não vou trabalhar mais para ninguém. Dê o que der, eu vou pagar um preço. Quem quiser ficar a meu lado tem que entender minha situação, porque eu quero viver de arte. Quem não quer ter essas condições, não vou levar em minha vida.”
De volta a Salvador, Dimak entrou para a Faculdade de Belas Artes da UFBA, mas viu que a faculdade não era para ele. “A faculdade é bala, velho. A base, a essência é de foder, mas as pessoas que estão tomando conta da faculdade hoje em dia desmerecem o artista. Não dão liberdade para você se criar. Você corre atrás de uma nota, você não pode desenvolver um trabalho autoral. E é muito pouco tempo para você. Tem ótimos professores, eu gostei. Dou o maior apoio aos que se enquadram no perfil da faculdade e conseguem terminar, mas não foi a minha onda.”
Dimak tem o desejo de criar e recriar seus personagens, agregando expressividade e deformidade. Gosta de inserir uma carga emocional em suas criações, e descreve seu estilo como “agressivo, tensionado”, forçando o público a se questionar sobre o que o personagem está pensando ou sentindo. “Porque tem coisas que você vê no cotidiano, a gente fica angustiado, fica emocionalmente abatido, nos abala. Eu não quero ser óbvio. Quero botar o que me está fazendo sentir angustiado.” No passado, Dimak sofria de enxaqueca, uma condição que ele emprega em sua arte para ilustrar suas emoções. “ Para mim, a crise de enxaqueca é a mesma coisa que a crise de desigualdade social. A crise de enxaqueca é a mesma coisa que a violência. A crise de enxaqueca é a mesma coisa de você perder tudo na sua vida, te roubarem tudo. Então, aquele avermelhado aqui é a indignação com a sociedade. As personagens tensionadas, angustiadas.” Dimak também gosta exagerar os lábios, o nariz, os traços mais negroides, africanos. “Não pela cor, mais pela expressão. A mão, gosto muito a expressão das mãos, também. São coisas que transmitem. O gesto da mão é uma forma de comunicação sem a palavra.”
Na opinião de Dimak, não há apreço, valorização ou espaço suficientes para a arte em Salvador. “A cidade é grande, então tem que fazer trabalhos grandes. Mas não tem espaço nem mercado para a arte. As pessoas não estão entendendo que o graffiti é arte contemporânea. Ainda não está na consciência das pessoas.”
Ele critica um padrão atual em que “a maioria dos grafiteiros só pintam em evento, não um muro manjado, um muro mais escondido, uma coisa que você vai agregar ao seu trabalho, não vai pintar para todo mundo, vai pintar porque é sua onda. São poucos que pintam assim.”
Seu desejo é que os grafiteiros em Salvador se inspirem para pintar e para crescer juntos. “Se a gente vai continuar trabalhando de forma séria (poucas pessoas estão procurando trabalhar de uma forma séria), não parar, vamos acabar sendo referência para os que estão chegando. Só se a gente não parar.”
This is the third chapter of a series on street artists in Salvador da Bahia, Brazil, a collaboration between Salvadoran graffiti artist Eder Muniz and independent researcher Carly Fox, with assistance from Sosseh Valentine Taimoorian of Polis. Each chapter offers a brief introduction to an artist from Salvador based on an extensive collection of interviews, testimonials and photos. Carly and Eder are compiling this material into a book in English and Portuguese.
Credits: Photos from Dimak.
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